Quem foi Hagar?

Quem foi Hagar?

A figura de Hagar surge de maneira discreta nas páginas de Gênesis, mas sua história rapidamente se torna uma das mais profundas e surpreendentes do Antigo Testamento. Ela é apresentada como a serva egípcia de Sarai (Gênesis 16:1), alguém sem renome, sem status, sem voz. Sua condição de servidão e sua origem estrangeira já revelam que ela não pertence ao povo da promessa. Ainda assim, é a partir de sua vida que Deus decide revelar uma faceta de Seu caráter que marcaria para sempre a fé bíblica: Ele é o Deus que vê.

“Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons.” 

Provérbios 15:3, NAA

Quando Sarai, angustiada pela própria esterilidade, entrega Hagar a Abrão, o texto relata simplesmente: “Ele possuía Hagar, e ela concebeu.” (Gênesis 16:4, NAA) Esse acontecimento, que poderia ser motivo de alegria, desencadeia dor, tensão e humilhação. Hagar, agora grávida, passa a ser maltratada por Sarai, levando-a a fugir para o deserto. O deserto, na Bíblia, é lugar de provação, mas também é lugar de encontro. E é ali, sozinha, grávida e exausta, que Hagar vive um dos momentos mais extraordinários da narrativa bíblica: o Anjo do Senhor aparece a ela.

A grandeza desse encontro está em vários detalhes. Primeiro, Deus a chama pelo nome — algo que nenhum dos seus senhores faz. Depois, Ele pergunta por sua dor e orienta sua trajetória. Mas o ponto culminante é a forma como Hagar responde à revelação divina. Ela declara: “Tu és Deus que vê.” (Gênesis 16:13, NAA)

A partir de sua dor, ela descobre que o Senhor não apenas conhece Abraão e Sara, mas também enxerga aqueles que parecem invisíveis. O nome dado ao filho que ela carrega reforça essa verdade: Ismael significa “Deus ouve”. No deserto, Hagar aprende que Deus vê e Deus ouve.

Anos depois, sua história retorna em Gênesis 21, quando Sara — agora mãe de Isaque — despede Hagar e Ismael de maneira definitiva. Mais uma vez, ela se vê perdida no deserto. A água acaba, a esperança se esvai, e Hagar, incapaz de ver seu filho morrer, se distancia e chora. É nesse momento que o texto declara com ternura e poder: “Deus ouviu a voz do menino.” (Gênesis 21:17, NAA) Deus então abre os olhos de Hagar, mostra um poço e reafirma Sua promessa. A mulher que fora rejeitada pelos homens é acolhida por Deus. A serva sem herança recebe do Senhor uma descendência numerosa. Aquela que foi tratada como invisível encontra em Deus o olhar que a alcança.

A história de Hagar ressoa até hoje porque representa todos aqueles que já se viram esquecidos, maltratados, desprezados ou deslocados. Ela é símbolo dos que carregam dores que ninguém percebe e dos que caminham por desertos silenciosos. No entanto, sua narrativa também nos lembra que o Deus da Aliança não é Deus apenas dos grandes, mas também dos pequenos. Ele não vê apenas reis, patriarcas e profetas — Ele vê servas aflitas, mães feridas, estrangeiros sem rumo. Ele vê gente comum.

Hagar nos conduz ao coração de um Deus que não ignora lágrimas. Um Deus que busca quem foge, que encontra quem se perde, que chama pelo nome aqueles que não têm nome na sociedade. Um Deus que transforma desertos em lugares de revelação e que continua dizendo, através da história daquela mulher: “Eu te vejo”.

E é justamente por isso que a jornada de Hagar continua tão atual. Sua vida nos lembra que não existe dor despercebida e que Deus continua encontrando pessoas onde elas menos esperam.

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Que Deus te abençoe!

Você é um milagre!
Pedro Rocha Tavares
Equipe Jesus.net.

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Sobre o autor

Biólogo e professor. Cristão, casado com Juliana e pai de Maria Clara, Davi e João. Administro a página ElpisZoe no Instagram, onde publico diariamente versículos bíblicos e um devocional diário. Parceiro Jesus.net e autor de planos de leitura bíblicos no App da Bíblia YouVersion.Mostrar menos